Em nome da cana de açúcar: colonização do território cabano e a repressão de suas populações
Cada conjuntura histórica carrega os devidos elementos inerentes que a define. Em outros termos, a disposição de fatores diversos é o que caracteriza uma temporalidade conjuntural.
Um fator fundamental e que se faz presente durante toda a história humana é a classe dominante. Não sendo a finalidade esclarecer o conceito de classe dominante, me resumo, da forma mais simples possível, em dizer, numa perspectiva marxiana, que a classe dominante representa o aglomerado de pessoas com poder suficiente para determinar o campo econômico.
A nossa região (a região onde se encontra o município de Colônia Leopoldina) fez parte, como se sabe, da topografia da Guerra dos Cabanos. Cabe ressaltar que a Guerra dos Cabanos – conforme um ponto de vista mais marxista – é um fenômeno que ainda perdura. Sendo assim, o que ocorreu entre os anos de 1831 a 1832 foi, essencialmente, a sua manifestação bélica.
A principal estratégia, por parte da classe dominante, com a finalização da fase bélica do conflito, se realizou com o processo de instalação de Colônias Militares. É que, devido os envolvimentos de cabanos na vida política da região, como na Revolução Praieira, em 1848, assim como em decorrência da necessidade de ampliação da base econômica canavieira, foi preciso arrumar todo um aparato político-jurídico que assegurasse a expansão dos negócios deste mesma classe dominante.
É neste contexto que deve ser compreendida a instalação da Colônia Militar Leopoldina, em 1852, entretanto, pensada desde 1850 – a sua instalação tem como fundamento a expansão dos interesses econômicos da classe dominante que estavam sendo ameaçados ideais cabanos (Vicente Ferreira de Paula, dono do Riacho do Mato, por exemplo, cercou o lugar denominado de Roçadinho, em 1850, dando nome a um núcleo da região, Piquete, hoje Ibateguara).
As Colônias Militares, sendo a de Colônia Militar Leopoldina uma das mais proeminentes e que mais cresceram, se constituíram em mecanismos de controle social de áreas onde o confronto político era grande. Com efeito, desde meados da década de 1830 o território fronteiriço entre as províncias de Pernambuco e de Alagoas era marcado por conflitos sociais.
Tais mecanismos tinham a clara finalidade de não apenas criar uma atalaia sobre pessoas e grupos capazes de afetar a harmonia do sistema econômico, mas fomentar também o próprio sistema econômico, vez que a permanência deste é o que fundamentava toda à disposição da estrutura colonial.
Publicado em 12 de dezembro de 2018.
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