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A caromba e o seu mel da felicidade

Nos fundos do imóvel dos meus pais tem uma casinha antiga. Ela remonta a época dos meus avós. Nessa casinha a minha mãe mantem um fogão a lenha, herança da sua infância quando a minha avó, a sua mãe, cozinhava tudo nele.

 Quando criança, num piso de barro vermelho, que quando chovia ficava escorregadio, a mãe da minha mãe me colocava para pilar o café. Ela cozia, pilava e condicionava café por encomenda.

Dessa atividade artesanal, me agradava a ‘caromba’, uma espécie de maná dos deuses, quando o açúcar secava ou cristalizava no próprio café. A satisfação de esperar a caromba esfriar e colocá-la na boca se constituía no ápice.

O cheiro do café sendo torrado no fogo e depois pilado, tudo artesanalmente, são memórias que guardo no mais seguro e confiável lugar.

Atualmente não se vê mais ninguém torrando o café por encomenda e nem mesmo para consumir o próprio. O pilão de torrar café é um objeto de estudo antropológico.

Tudo me deixa triste. É a passagem do tempo…inevitável passagem do tempo. É o reino da entropia. Me recordo de tudo…

Publicado em 21 de novembro de 2024.

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