Ontologia sobre pardais e pardalocas
Sempre me atraiu o calor do verão – aliás, o calor que é (era) característico no verão. É um tempo em que sinto mais sono do que normalmente sinto.
Não é que haja repulsa ao frio do inverno – ao frio que é (era) típico do inverno. É que com o calor tenho mais sono, como já disse.
Além desse dado, talvez por uma simpatia ontológica, gosto de refletir sobre a existência de seres que, normalmente, não entram na consciência reflexiva. E não sei a razão, mas durante o verão este gosto é ampliado.
Vejamos o caso dos passer domesticus. Sempre fui simpático a eles. Eles fazem os ninhos em locais onde o calor ainda incide mais durante a época quente. Na realidade, gosto de me colocar em seu lugar.
Não deve ser fácil adquirir a alimentação, principalmente quando da necessidade de alimentar os filhotes. E quando é pra lidar com os predadores naturais? – e não estou me referindo ao homem.
Há uma lógica nesse processo? Provavelmente um naturalista diria que sim.
Parece-me ser algo fenomenal o fato de sair por aí voando em bandos. Chegar aqui e pousar numa laranjeira; em seguida chegar ali e pousar num pé de fruta-pão.
Entretanto, fenomenal mesmo deve ser retornar ao ninho e se aconchegar ao lado da parceira ou sentir de perto os filhotes. Sentir o calor da parede ou das telhas se espraiando vagarosamente.
Qual é a razão da existência dos pardais? Há esta razão última?
Se o que percebemos for a realidade última, qual será a dos pardais? Eles estão em nossa realidade última ou possuem uma própria?
É durante o verão, mas é durante o dia, que se aguçam essas questões.
*Publicado em 05 de novembro de 2018.
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